O papel dos juízes como embaixadores do jogo

Todos sabemos que Magic: the Gathering pode ser desafiador em primeira instância, tanto no desenrolar do jogo quanto no inúmero leque de possibilidades oferecido. Novos jogadores introduzidos ao nosso mundo geralmente tem inúmeros questionamentos sobre cards, edições, formatos, regras e histórias. Nosso papel como juíz também é o de prezar e auxiliar a comunidade neste aspecto.

Gostaria neste artigo de levantar pontos que julgo importantes e que nós devemos levar em consideração para a garantia do bem estar e interesse do iniciante, desde ao sentar para ensinar ao contato posterior.

Ensinando os novos jogadores.

O primeiro passo é conversar com o novo jogador e apresentar-se, pois ele é um possível novo amigo! Procuro sempre ter acesso aos decks de boas vindas fornecidos por lojas locais, assim posso explicar as características de cada cor e deixar o iniciante à vontade para escolher qual cor faz melhor seu gosto. O próximo passo é sentar e explicar o produto em suas mãos e jogar! Aqui vão alguns pontos que não podem ser esquecidos:

1. Deixe claro qual é o objetivo do jogo: Aquele bom e velho “você é um mago que nós chamamos de Planeswalker, seu objetivo é zerar a vida do seu oponente com cards presentes em seu grimório. Vocês têm ambos 20 pontos de vida!” é suficiente e divertido.
2. Explique os tipos de cards e as partes que os compõem: Separe os tipos de card presentes no deck e explique cada um deles, mostrando também onde o jogador vai encontrar de qual tipo é aquele card, seu custo de mana, efeito, poder, resistência e afins.
3. Jogue ou auxilie uma partida: É jogando que se aprende! É importante que você jogue ou esteja por perto para ilustrar as fases do turno, se necessário a primeira partida pode ser até com a mão revelada para ir explicando o passo a passo. Deixe claro que quaisquer dúvidas você estará lá para saná-las e que ninguém nasceu sabendo jogar.
4. Deixe-os errar: É muito natural que você queira sempre explicar a melhor jogada, tirar sempre o máximo do que o seu “aluno” pode fazer. Fique atento, pois isso pode deixar o jogo travado e sobrecarregá-los de informação, removendo o importante fator diversão! Tomar as próprias decisões é sempre bom e, caso ela seja uma péssima escolha, vai ensinar ao jogador a não cometer esse erro duas vezes! Lembrando de nunca brincar ou tirar sarro dos erros alheios nessa etapa, ok?
5. Troque os decks: Magic tem variedade, um leque de possibilidades enorme. Sempre que possível, apresente novos decks para o jogador, explique as características daquela cor ou combinação de cor, vantagens e desvantagens.
6. Incentive-os a conhecer o que Magic tem a oferecer: Apresentar os jogadores para a comunidade, que também possui outros iniciantes, pode fazer todo o diferencial. Converse com eles descontraidamente sobre os eventos que acontecerão em seguida, sobre a história das recentes edições, formatos e afins. Eventualmente eles podem participar juntos de um Draft, pré-lançamento, liga da edição mais recente, começar em um formato e uma série de outras possibilidades.

Recomendo a todos vocês que participem dos Magic Open House como tutores, é uma experiência muito gratificante conhecer e ensinar tanta gente! Para esses eventos, você provavelmente terá todo material necessário para providenciar uma ótima experiência a todos os recém chegados.

Auxiliando-os com o Magic.

    O primeiro instinto do jogador que recentemente aprendeu a jogar é de construir seu próprio deck. Geralmente eles se interessam sobre algum produto específico, ou já ouviram falar de algum formato. No fim das contas eles podem querer saber sua opinião. E agora? Eu procuro ser bastante cauteloso nesse momento para ser o mais imparcial possível e apresentar adequadamente os formatos oficiais (disponíveis em http://magic.wizards.com/pt-br/content/formatos) e comenta-los, sempre aplicando ao cenário local da minha cidade. Não deixem a oportunidade passar e divulguem os eventos que irão acontecer em um prazo curto de tempo e que sejam ideal para eles.

    Muitos iniciantes têm o receio de participar de eventos regulares em que outros jogadores mais experientes estejam inscritos, é até natural certa insegurança. Nesse ponto, explique que os torneios de REL regular são os mais comuns e receptivos, onde o foco é a criação de uma atmosfera descontraída de diversão, troca de experiências e aproximação ao jogo. Nosso dever como juíz e como parte da comunidade é de providenciar a melhor experiência possível, auxiliando quando houver algum desentendimento ou dúvida; também garantindo que sejam bem acolhidos. Se mostre mais uma vez disponível para auxiliá-los e deixe claro que, para melhorarem como jogadores, nada mais justo do que jogar! Uma boa iniciativa é convidá-los a jogar o mesmo evento que você irá participar ou supervisionar.

Trocando experiências.

    Com o decorrer do tempo fui ajudando e conhecendo muitos jogadores, nos quais sempre procurei ter um contato e ficar disponível para ajudá-los quando necessário. Isso resultou em um número grande de conversas e notei padrões em certos questionamentos. Foi daí que pensei em juntar os iniciantes que auxiliei em um único grupo, para que pudessem se conhecer, aprender sobre o jogo, ficar por dentro das novidades e, o que se tornou uma ótima via de mão dupla, sanar as dúvidas que apareciam conforme jogavam.

Um tempo após essa iniciativa, virei juiz certificado de nível 1, o que mudou totalmente a experiência que vinha tendo. Ao conhecer melhor as regras e o JAR (Judging at Regular), me senti muito mais capacitado e confiante para tirar todas as dúvidas que surgiam. Parti, então, a não apenas solucionar a questão, como também explicar o porquê, apontando a regra específica. Passei a ter mais responsabilidade com o que falava, e o melhor de tudo: hoje eu aprendo ensinando! Creio que para todo juiz nível 1 essa abordagem seja de imenso valor, pois conforme aprendo, também levo discussões sobre regras e situações para o grupo, assim despertando o interesse dos jogadores sobre o funcionamento técnico do jogo. Acredito que seja uma ótima ferramenta para os aproximarem de nós, juízes, e do nosso programa.

Espero que minha experiência só venha a acrescentar na relação entre juiz e comunidade de todos vocês. Quaisquer feedback ou troca de conhecimento que tenham a oferecer, agradeço bastante.

Grande abraço.