Atenção: Este artigo foi importado do antigo blog de juízes do Brasil no programa de juízes legacy, como forma de disponibilizar um conteúdo valioso para a comunidade, entretanto, o mesmo não foi revisado e pode estar desatualizado!
Thales Bittencourt, Nível 3, Coordenador Regional Brasil
Olá, juízas e juízes do Brasil!
Gostaria de partilhar com vocês um pouco da minha história.
Foram 11 anos como juiz certificado, dos quais 7 atuei como Coordenador Regional dessa imensa e vibrante comunidade de juízes – o Brasil.
Passou tão rápido!
Lembro como se fosse ontem quando li alguns artigos na internet sobre um tal de “Programa de Juízes”. Eu tinha 17 anos. Lembro que logo me interessei por isso, e mandei um email para o Henrique Amigo, organizador do Nacional de Magic, perguntando sobre como me tornar um juiz certificado…
A resposta dele foi um convite para atuar como juiz naquele mesmo ano, no Nacional! Lá conheci grandes amigos: Eduardo Beraldo, que foi meu primeiro juiz mor, no Qualificatório… Rafael Svaldi
, que foi o juiz mor do Nacional, e que me certificou como juiz naquele fim de semana… Carlos Rangon
, vulgo Charlie, que era um dos mais experientes juízes…
Foi um fim de semana muito bacana. Mal sabia eu que ele teria consequências tão importantes na minha vida!
Depois da minha certificação, trabalhei em muitos torneios no Rio de Janeiro e logo quis me tornar nível 2. Naquela época, só existia 1 juiz nível 2 no Brasil, o Henrique Amigo, que se tornou um grande amigo e parceiro no programa.O acesso à prova era bem difícil. Nosso único juiz nível 3 morava em Porto Alegre! Mas mesmo assim eu fui até lá e o Rafael aplicou a prova para mim.
E logo depois de ter conseguido a certificação nível 2, o mundo do Magic abriu-se completamente para mim. E quando digo o mundo, tô falando do mundo mesmo. Nesses 11 anos, participei de inúmeros torneios de todo tipo em todos os cantos do Brasil e muitos outros torneios em todos os cantos do mundo, entre Grand Prix, Pro Tours, Mundiais… Fiz inúmeros amigos e conheci tantas culturas e histórias… Tudo isso para mim foi uma experiência incrível!
Quando recebi a missão de ser Coordenador Regional do programa de juízes no Brasil, em 2010, fiquei muito empolgado. Era um desafio e tanto! Naquela época, o Brasil era a menor região do mundo. De longe. Tínhamos em nossa região 21 juízes certificados. Desses, dois eram nível 3 e um era nível 2. Não tínhamos juízes no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Brasília, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. A comunidade crescente de jogadores e o número crescente de torneios, faziam com que fosse mais que necessário ter mais juízes em nosso país. Muito mais.
Bem, para encurtar a história, depois de 7 anos, hoje somos mais de 250 juízas e juízes, espalhados por todo o país. 45 juízes nível 2! Somos uma das 5 maiores regiões no programa de juízes fora dos EUA.
Depois de tantos projetos, tantas viagens, tantas pessoas, tantos torneios… Só me resta agradecer muito por essa oportunidade. Sinto-me imensamente privilegiado por ter podido estar à frente dessa comunidade, com todos os seus problemas, é verdade, mas com muito mais alegrias e conquistas. Sou muito agradecido a cada pessoa que tive oportunidade de conhecer, especialmente aqueles juízes que certifiquei e com quem pude trabalhar mais de perto.
Agradeço em primeiro lugar ao Henrique Amigo, por ter sido tão generoso em me convidar para trabalhar naquele Nacional. Você não tinha ideia no que isso ia dar, não é? Muito obrigado por todo o companheirismo e ajuda durante todos esses anos. Lembro aqui de modo especial da nossa primeira viagem à Argentina. Eu era um garoto, deslumbrado com tudo, e a viagem toda foi muito divertida. Muito obrigado!
Agradeço também de modo muito especial ao Rafael Svaldi, por ter sido sempre um exemplo e um modelo, não só como juiz, mas como pessoa. Aprendi muitas coisas com você e tenho certeza de que tudo que conquistamos em nossa comunidade tem uma dívida enorme contigo. Lembro aqui das inúmeras conversas pelo telefone, em que você sempre me animava a seguir em frente. E também de quando eu fiz a prova para nível 3… Como foi importante o seu apoio! Muito obrigado!
Agradeço ao Nicolau Maldonado e ao Vinicius Quaiato
, por serem amigos de verdade nos últimos anos. Fico impressionado com a generosidade de vocês em ajudar… Vocês nunca disseram não, e isso é um exemplo pra mim. Lembro de nossa viagem para a Europa no ano passado. Fazia tanto tempo que não me divertia assim numa viagem para um torneio de Magic… A amizade de vocês é excepcional. Muito obrigado!
O programa de juízes foi pra mim muito mais do que um trabalho, ou uma mera reunião de pessoas com o mesmo hobby. O programa de juízes foi pra mim uma fonte inesgotável de amizades. Seria impossível e imprudente tentar nomear a todos aqui… Gostaria de agradecer a cada um e a cada uma que passou pela minha história no programa durante esses 11 anos. Muito obrigado! Muito obrigado! Muito obrigado!
É claro que nem tudo foram flores. Sei que muitas, inúmeras vezes, não fui um líder à altura dessa comunidade. Peço desculpas a cada um e cada uma por isso… Pelas vezes que não fui atencioso. Pelas vezes que fui impaciente. Pelas vezes que não fui um bom exemplo… Desculpa!
Por último… Gostaria de dizer adeus.
Toda história feliz, tem que ter um final feliz também, não é verdade? E chegou a hora de encerrar esse capítulo da minha vida. Sinto como se estivesse guardando uma parte querida da minha história… Algo que um dia vou contar para meus filhos e netos com orgulho…
Até este momento sou o único RC que o Brasil já teve, um dos únicos que permanece desde o início do Programa de RCs. Esse adeus é também um convite e uma oportunidade para o novo, e isso é algo bom. Tenho certeza que essa nova etapa será muito enriquecedora para a comunidade brasileira de juízes. E tenho certeza, caras amigas e amigos, que o melhor está por vir.
Gostaria, por fim, de deixar para vocês uma última dica. Uma última instrução como Coordenador Regional:
Viva intensamente a sua vida.
O programa de juízes é algo muito legal. Foi uma parte muito bacana da minha vida, e espero que seja uma parte muito bacana da vida de todas as juízas e juízes nesse país. Mas lembrem-se sempre: ele é uma parte da vida, não é toda a vida. Coloquem o programa de juízes, e todas as experiências e aprendizados nele, à serviço da vida de vocês.
Tenham grandes metas. Voem alto. Tenham o apaixonante desejo de se tornarem pessoas melhores e de se colocarem à serviço dos outros… E só aí, então, perguntem-se: – como o programa de juízes pode me ajudar a conquistar isso? Como eu posso ser melhor através do meu trabalho como juiz ou juíza?
Essa, meus caros, é a pergunta das perguntas. Nunca a percam de vista.
Digo, com um pouco de propriedade, que no final, só isso importa.
Um grande e caloroso abraço,
Thales Bittencourt.
